terça-feira, 11 de maio de 2010

Florbela Espanca traduz o que eu sou!!



EU

"Eu sou a que no mundo anda perdida,
eu sou a que na vida não tem norte,
sou a irmã do sonho, e desta sorte
sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
e que o destino amargo, triste e forte,
impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo pra me ver
e que nunca na vida me encontrou."





Amar!

"Eu quero amar, amar perdidamente !
Amar só por amar: Aqui ... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente ...
Amar ! Amar! E não amar ninguém !

e no final da quadra seguinte
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó,cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar..."


Florbela Espanca (1894 - 1930), uma das poetisas mais conhecidas da literatura portuguesa, foi uma poeta de extraordinária sensibilidade,inconstante mas deslumbrante .

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